quarta-feira, 29 de julho de 2015

Maioridade

Há trinta e três anos...

Oitenta e dois,
dois mil e três, outubro,
redescubro novembro.
Lembro dos bons momentos,
o tom do teu amor:
“cara, vamos aproveitar a vida!”
Um guardanapo de papel
guardando emoções.
Sol, estrela e linhas;
recordações...
 Porto de Galinhas, Itamaracá,
Trópico’s Bar, que inexiste,
Continental, quase triste
a primeira vez;
felizmente...
Treze pra catorze,
ontem e hoje,
exatamente vinte e um anos.
Maioridade;
amor não tem idade!
Antes, como num oráculo,
o Navegador previa a morte
em outros braços.
Ainda assim,
não compreendo
tua felicidade de agora.
Meu merecimento
ou teu alívio?
Seria um sinal de liberdade?
Outro convívio?
Quem pode recriar a história
das nossas vidas?
Mas, construímos
nossas próprias correntes.
Os elos são
nossas ações ou omissões.
Minha carência
não seria insensatez?
Talvez transferência,
querência de afeto.
Sinto chão e teto faltarem;
vivo a solidão
até não mais suportar;
idealizo musas
para projetar
palavras e sentimentos rebuscados.
Medusas veem e vêm
para me tirar a paz;
então, busco teus olhos
nos olhares doces,
agri-doces e amargos.
Espargindo dores,
vivenciando
o odor do teu corpo,
de amar cada parte
e descortinar a paixão
pela arte do prazer.
Extenuar as fibras,
perder libras de suor,
vez por vez, tez na tez
e de cor saber
os próximos passos
para chegarmos juntos ao clímax.
Pressinto fênix
a renascer das cinzas.
Reencontro, reencanto;
é você quem me inspira
aos bons e maus atos,
pequenos artefatos
de amor e dor.
Mas, igualdade
de chances e direitos;
tens a obrigação de ser feliz.
Estrela-guia,
me conduzistes até aqui;
fostes a minha visão,
a minha luz;
não pode haver
culpa ou remorso.
Busque novos caminhos,
outros colos e ninhos,
que o tempo e o espaço
necessários para o esquecimento
serão o teu bálsamo
para suportares percalços,
quedas e tropeços.
Hás que cumprir
as etapas;
também o farei.
Arrependimento e perdão,
reparação do erro
sem eximir-se da expiação;
quando voltares,
em cada recomeço,
nos lugares,
em tempos erráticos,
quero estar a teu lado.
Somos os maiores amigos.
Nossos abrigos
são o outro.
  Mas, nunca tenha dúvida.
Minha dívida,
meu Kharma,
minha dádiva,
meu Dharma.
Você foi, é
e será, sempre,
o grande amor
da minha vida;
das nossas existências,
a essência, a guarida.

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