Compus este poema há
muitos anos; são sessenta versos hexassílabos, cuja sonoridade se alterna (ade-arde/ê-er),
repetindo-se a cada duas linhas.
O nome é Saudade e
óbvio, também se chama Mulher.
Te esquecendo, Saudade,
penso ainda em você;
até me deu vontade
de te reconhecer.
Pura curiosidade,
de procurar saber,
se é mesmo verdade,
que há muito você,
com que facilidade,
conseguiu me esquecer.
Te olhando, Saudade,
ainda não sei dizer,
se orgulho ou vaidade,
me pergunto por que
e com sinceridade
eu sei que vai doer;
assim, sou um covarde
e prefiro sofrer;
mas, sem fazer alarde
pra não te dar prazer.
Você, sempre, Saudade
Meu Deus! Como e por
quê?
Por minha liberdade,
não quero padecer;
assim, tem piedade,
me fazendo morrer;
mostra serenidade,
que eu possa escolher;
pois, infelicidade
é o sobreviver.
Quem me dera, Saudade;
que, apesar de você,
minha espontaneidade
eu pudesse rever.
Desta necessidade
vem o meu renascer;
esta veracidade
eu não consigo ver;
é que a insanidade
me faz enlouquecer.
Silencia, Saudade,
este som faz tremer;
fala com liberdade,
teu calar vai doer.
É a extremidade,
de não te conceber
sem esta ambiguidade,
que traz dor e prazer
e a felicidade
de não compreender.
Sim, P.S., Saudade,
eu quero te dizer
que é tua a maldade,
se o sentir por você,
não for nem a metade
que me tens e esconder;
só por perversidade,
até se arrepender,
quando for muito tarde.
É o ter ou não ter...